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A História de Olhão

O Coração Palpitante do Algarve

A História de Olhão

O Coração Palpitante do Algarve

Imagine uma cidade onde o cheiro salgado do mar se mistura com ruelas brancas, onde cada esquina conta uma história de coragem e tradição. Bem-vindo a Olhão, uma joia bruta do Algarve, no sul do Portugal. Aninhada perto de Faro, à beira do Parque Natural da Ria Formosa, esta cidade portuária não se assemelha a nenhuma outra. Longe das estações balneares ostentosas, Olhão vive ao ritmo das ondas e ostenta com orgulho o seu passado de pescadores intrépidos. Vamos descobrir a sua história, das origens humildes ao seu papel heróico na independência portuguesa, até ao seu rosto de hoje.

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Das origens antigas à Idade Média : um lugar moldado pelo mar

A história de Olhão começa muito antes de lhe darem um nome. Desde a pré-história, a região do Algarve já atraía habitantes graças às suas costas ricas em peixe e sal. A lagoa da Ria Formosa, um labirinto de água e areia, oferecia então um refúgio ideal. Mas é na Idade Média que o nome de Olhão aparece pela primeira vez, em 1378, sob a forma “Olham“. Na época, era apenas um pequeno povoado de pescadores, perdido no imenso Algarve mouro. Alguns pensam que “Olhão” vem do árabe “Al-Hain“, que significa “fonte“, uma referência à água omnipresente nesta terra de marinheiros. As casas cúbicas com telhados planos, tão típicas hoje, ainda lembram essa herança vinda do Oriente.

Uma comunidade de pescadores enraíza-se (séculos XVII-XVIII)

Ao longo dos séculos, Olhão cresceu lentamente em torno da sua paixão pela mar. Em 1698, a construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a primeira edificação em pedra, marcou uma viragem : Olhão deixou de ser um simples acampamento e tornou-se uma verdadeira comunidade. Alguns anos mais tarde, no início do século XVIII, separou-se da freguesia vizinha de Quelfes para voar com as suas próprias asas, graças ao bispo D. Simão da Gama. A pesca tornou-se então o motor da cidade. Sardinhas, atuns, cavalas… Os habitantes aperfeiçoaram técnicas herdadas dos Romanos e dos Mouros, como o salga do peixe, e o porto de Olhão começou a fervilhar de atividade.

1808 : A revolta que mudou a história

Mas Olhão não seria Olhão sem o seu grande momento de glória. Em 1808, Portugal curvava-se sob a ocupação francesa de Napoleão. Os impostos esmagavam os pescadores e a revolta crescia. No 16 de junho, Olhão revoltou-se, tornando-se a primeira cidade portuguesa a expulsar os Franceses. Algumas semanas depois, na batalha da ponte de Quelfes, os habitantes, armados de coragem mais do que de espingardas, puseram em debandada as tropas inimigas. Mas a história não termina aqui. Dezassete pescadores embarcaram num pequeno barco, o Bom Sucesso, numa viagem insana até ao Brasil. A sua missão ? Anunciar ao príncipe regente D. João VI, exilado lá, que o Algarve estava libertado. Após semanas no mar, conseguiram, e o seu feito entrou na lenda. Como recompensa, Olhão recebeu uma carta régia e tornou-se “Vila de Olhão da Restauração“, um título que ainda ressoa como um grito de orgulho.

A era de ouro das sardinhas e das conserveiras (séculos XIX-XX)

O século XIX marcou o apogeu de Olhão. Em 1826, tornou-se um município de pleno direito, agregando várias aldeias vizinhas como Moncarapacho ou Fuseta. O bairro dos pescadores expandiu-se, com as suas casas brancas empilhadas como cubos ao sol. Depois, em 1882, abriu a primeira conserveira. Olhão transformou-se na capital da sardinha e do atum, exportando as suas latas metálicas até à Europa e ao Norte de África. No início do século XX, as fábricas funcionavam a todo o vapor, empregando centenas de habitantes. Mas nada dura para sempre. A partir dos anos 1960, os peixes tornaram-se mais escassos, a concorrência intensificou-se e as conserveiras fecharam uma a uma. Em 1988, restavam apenas seis, vestígios de um passado glorioso.

Olhão hoje : um equilíbrio entre passado e futuro

E hoje ? Olhão não perdeu a sua alma. É ainda o maior porto de pesca do Algarve, fornecendo metade das capturas da região. O mercado municipal, com as suas bancas coloridas, é um espetáculo à parte : peixe fresco, marisco e a azáfama dos vendedores a chamarem-se uns aos outros. Mas Olhão também soube reinventar-se. O turismo desenvolve-se lentamente, atraindo aqueles que procuram um Algarve autêntico. As ilhas da Ria Formosa, como Armona ou Culatra, acessíveis de barco, oferecem praias selvagens e tranquilas. Desde 1987, o parque natural protege este ecossistema único e o ecoturismo ganha terreno. A cidade vibra também ao ritmo dos seus festivais : o Festival do Marisco em agosto celebra os frutos do mar, enquanto o Poesia ao Sul faz ressoar versos de todo o mundo. E se passear pela Rua da Fábrica Velha, admire os murais que contam a história dos pescadores em cores vibrantes.

Uma viagem no tempo ao alcance da mão

Dos seus inícios como povoado de pescadores ao seu papel de heroína nacional, Olhão é uma cidade que soube atravessar os séculos com ousadia. Encarna um Algarve longe dos clichés, onde o mar ainda dita o ritmo e onde cada pedra tem uma história para sussurrar. Então, porque não vir descobri-la ? Embarque na réplica do Bom Sucesso, passeie pelo museu municipal ou deixe-se simplesmente levar pela doçura de viver de um porto que nunca esqueceu as suas raízes. Olhão espera por si, entre passado heroico e promessas de futuro.

Sob o céu de Olhão, o mar sussurra,
Pescadores desafiam a onda escura.
Em 1808, um grito eleva-se alto,
Liberdade levada pelo Bom Sucesso.
Ria Formosa vigia, testemunha discreta,
Sobre este porto altivo, eterna canção.

Vir ao Algarve sem passar por Olhão ? Impossível !


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